TrĂȘs desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 1ÂȘ Região (TRT-1) receberam um total de R$ 6,9 milhões entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2024, perĂodo em que estavam afastados de suas funções. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os desembargadores Marcos Pinto da Cruz, JosĂ© da Fonseca Martins Junior e Fernando Antonio Zorzenon da Silva foram condenados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por envolvimento em um esquema de corrupção. Durante parte do perĂodo de afastamento, o trio cumpriu prisão domiciliar, o que não impediu o recebimento dos salĂĄrios.
Os valores recebidos por cada um dos desembargadores são: Marcos Pinto da Cruz (R$ 2,03 milhões), JosĂ© da Fonseca Martins Junior (R$ 2,19 milhões) e Fernando Antonio Zorzenon da Silva (R$ 2,70 milhões). Recentemente, a Corte Especial do STJ determinou a perda dos cargos dos trĂȘs magistrados, embora ainda caiba recurso.
As investigações do MinistĂ©rio PĂșblico Federal (MPF) apontaram que os desembargadores receberam propina para facilitar a inclusão de empresas e organizações sociais (OSs) no Plano Especial de Execução da Justiça do Trabalho no Rio de Janeiro. O esquema envolvia a contratação de um escritório de advocacia indicado pelos magistrados, que repassava parte dos honorĂĄrios aos envolvidos.
A denĂșncia do MPF tambĂ©m envolveu o ex-governador Wilson Witzel e o ex-secretĂĄrio estadual de SaĂșde Edmar Santos, que firmou acordo de delação premiada. A relatora do caso no STJ, Nancy Andrighi, determinou o desmembramento da ação penal, mantendo apenas os quatro desembargadores como rĂ©us.
A mecânica do esquema consistia na inclusão de OSs com dĂvidas trabalhistas no plano especial. Em troca, essas organizações contratavam um escritório de advocacia indicado pelos magistrados, que repassava parte dos honorĂĄrios aos envolvidos. A advogada Eduarda Pinto da Cruz, irmã de um dos desembargadores, tambĂ©m estaria envolvida no esquema, intermediando o pagamento da propina.
"Para dar prosseguimento ao ilĂcito, depois de recrutada por Edmar dos Santos e Wilson JosĂ© Witzel, a organização social deveria contratar a advogada Eduarda Pinto da Cruz, irmã do desembargador Marcos Pinto da Cruz, por intermĂ©dio de outro escritório de advocacia, que, depois de receber seus honorĂĄrios, restituiria os valores para os participantes do ilĂcito" diz a denĂșncia.
Durante o julgamento no STJ, houve divergĂȘncias entre os ministros. A relatora, Nancy Andrighi, destacou a associação entre os desembargadores, advogados e membros do governo estadual para a prĂĄtica de crimes como corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
"Ă de clareza cartesiana a associação delitiva formada entre desembargadores, advogados e altos membros do Poder Executivo estadual, para o fim de cometer os crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, com intrincada mecânica de cooptação e divisão de tarefas" disse Nancy em sessão anterior.
O ministro Og Fernandes apresentou uma posição divergente, condenando Cruz a 15 anos e trĂȘs meses, Martins a nove anos, sete meses e 16 dias, e absolvendo Zorzenon e Rodrigues. Outros ministros tambĂ©m apresentaram diferentes condenações e posicionamentos.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA